Ao contrário do livro, o filme não me prendeu e não me deixou apaixonada.
Adaptar livros para o cinema, uma das práticas mais comuns da indústria da sétima arte, pode ser um processo extremamente danoso para a história original. Mudanças são coisas comuns, talvez alguém mude de sexo, etnia ou idade, mas o real problema é quando a transferência acaba prejudicando algo que é a base da narrativa.
Isso aconteceu com a a principal relação do livro, a qual é o motivo de Jake saber das crianças peculiares: a relação de Jacob com o avô, Abe. No filme, essa relação foi extremante enfraquecida. O avô de Jacob praticamente não aparece durante o longa metragem e é esquisito eles não serem tão próximos como deveriam. É por que Jake se importa em descobrir sobre a vida de Abe que nós queremos descobrir também. O amor que um sente pelo outro é a isca para nos puxar para esse mundo fantástico.
É claro que cortes vão acontecer, mas em troca de ter mais tempo com as crianças peculiares e com os vilões liderados por Barron, a roteirista e o Tim Burton sacrificaram praticamente toda a relação entre Abe e Jacob. Infelizmente, com isso, O Lar das Crianças Peculiares não estabelece o relacionamento mais importante do enredo e, assim, é difícil investir no que acontece em sequência.
Por conta da pressa em levar o filme para pontos importantes e visualmente interessantes (já que é nos efeitos visuais onde Burton pode brilhar mais) os relacionamentos sempre parecem ser básicos e frouxos.
No meu ponto de vista a mudança na personagem principal me deixou bem irritada. O poder original dela é de controlar o fogo enquanto no filme, ela pode voar e controlar o vento. Enquanto Olive, que originalmente possui o poder de controlar o vento e voar, possui o poder de Emma que é o controle do fogo. Além de tudo, no livro a personagem principal é bem mais agressiva e de início não gosta e nem tem paciência com Jacob enquanto no filme ela está bem mais sociável e amigável.
Por fim, a pior mudanças de todas foi o final, o qual, na minha opinião, estragou de cara o segundo filme (caso tenha), já que será complicado continuar a história se mantendo fiel ao livro com o final determinado pela roteirista e pelo diretor.
A opinião varia de cada um, para quem não leu o livro, provavelmente vai gostar do filme, mas o livro com certeza atropela o filme. E eu, não gostei da adaptação.
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